segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ás vezes... fico triste, prontes!

Pois, ás vezes apetecia-me mandar uma carrada de gente á merda, mas em vez disso fico triste.
Considero-me uma pessoa viajada, desloco-me a clubes onde promovem a sã camaradagem e o convivio, outros promovem passeios passeios com os meninos do IPO do Porto e até alugam palhaços para dar uns momentos de alegria.
Depois deparo-me com uma ilha de incautos marinheiros e com uma nau á deriva á beira do tejo
atracada, onde se promovem a titulo gratuito os motins, o escárnio e o mal-dizer, umas vezes infundado e outras vezes mal-fundamentado, até posso dar o braço a torcer e dizer que lá no fundo, poderia haver uma réstia de razão, mas não, o modo como as coisas são feitas, deita logo tudo a perder, a razão perde-se, e quem acaba por perder são os incautos marinheiros da nau.
As coisas pioram quando pessoas em quem confiámos e embarcámos timidamente na nau, provocam os motins.
As atitudes ficam para quem as pratica, os cães ladram e a caravana passa, e o barrete serve apenas em quem o enfiar.

Lá vão dizer "lá tá ele a provocar", mas não, é tudo uma mera coincidência, tambem podem dizer que "metade dÁlhandra não gosta de ti", olha, temos pena, prefiro poucos mas bons, mas destes cada vez há menos.

In "Memórias de um tripulante"

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Não te deixarei morrer David Crockett (edição reeditada)

Não sendo grande apaixonado pela literatura de M.S.Tavares, há um livro dele que gostei particularmente, começando logo pelo titulo, ou não seja eu fã das leituras e dos heróis do Old Wild West.
Este livro narra uma série de pequenos episódios, começando por aquele em que o David Crockett era emboscado por um grupo de índios, levava com um machado na cabeça, ficava inconsciente e era levado prisioneiro para o acampamento índio. Aí, dentro de uma tenda, havia uma índia muito bonita - uma «skaw», na literatura do Far-West - que cuidava dele, dia e noite,
molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma. E, a certa
altura, ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro: «não te deixarei
morrer, David Crockett!
Como tal há alguns episódios pelos quais tenho passado, nomeadamente de sã camaradagem, que pelo simbolismo, insólito, ou espontaneadade, gostaria que não morressem no meu esquecimento, como tal, vou aqui retratar algumas das cenas dos últimos capítulos.

- Antónia Rodrigues

Tinha eu acabado de almoçar na Veneza Portuguesa, na companhia do meu colega Cmdt João Veiga, saímos do "Palhuça" na direcção do canal de S.Roque, quando este se lembra:
-Épá, tenho de te mostrar uma coisa, um dia deste vinha com o Chico numa destas ruas, e o Chico chamou-me a atenção para o nome da rua "Antónia Rodrigues".
E pergunta-me o Veiga, sabes quem foi Antónia Rodrigues?
Claro que a minha resposta foi negativa.
- Então pergunta-me, "quem foi Antónia Rodrigues?"
Claro que eu tive de perguntar "quem foi Antónia Rodrigues?
- Tava a ver que não perguntavas. Antónia Rodrigues, foi uma tipa que na época de 500, se vestiu de homem para poder embarcar numa nau (ganda maluca), tudo correu bem até ao momento em que um panilas a bordo se apaixonou por ela (que para si era ele), a farsa foi descoberta quando ela para se ver livre do panilas teve de se afirmar como mulher.

Posto isto, andámos ali ás voltas, mas não demos com a rua, e acabámos por desistir.
Hoje fui jantar ao "Palhuças", como não sabia bem onde ficava, era para ali numa transversal, mas lembrei-me que tinha a factura do almoço anterior, fui ver a morada á factura,
"Rua Antónia Rodrigues, nº28"

- Em Roma, sê romano

Saímos a bordo do NVV Veronique, com destino á baía de S .Jacint Sur La Mer, a fim de almoçarmos, eu, o Pedro, o Bolha e Veiga, atracámos num pontão que estava livre para o efeito, estando calor, o nosso Veiga manifestou o desejo de comprar uma t-Shirt, porque o seu pólo de manga comprida lhe estava a causar calor.
Ao que o Bolha se lembra que existe por ali uma loja de chineses, como tal devem vender disso.
Depois de encontrada a loja, foi a altura de escolher entre a cores disponíveis, só havia amarelo.
O Veiga perguntou ao proprietário quanto custava.
A resposta foi prontamente dada:
"tlés eulos"
O nosso Veiga viu logo uma oportunidade de praticar os seus dotes de poliglota, e do alto dos seus dois metros:
"tem pala o meu tlamanho?"



- Alhandra "A Real" ?

Ora andava eu pelas minhas andanças terráqueas ali para os interiores do país, quando de repente dou de caras com uma placa indicativa de que estava a entrar na povoação de "Alhandra", claro que soltei logo um ponto de exclamação, ou seja, um vulgar "fdasse", não resisti e tirei uma foto, como é sabido, a maquina fotográfica vai comigo sempre e agora até me deram uma que tem telefone.
Posto isto, á noite andava eu nas minhas andanças cybernáuticas, entra-me o JOQ, e pergunta-me?
- Já estás em Alhandra?
Não, mas ainda á pouco lá estive e já estou em Aveiro outra vez.
-Tás-me a baralhar.
Não tou nada, queres ver? Ao enviar a foto pelo msn perguntei se ele fazia ideia do que disse quando vi a placa, quase imediatamente soltou o mesmo ponto de exclamação.
- Fdasse!!!...
Pois, foi isso mesmo.

- Fuga aos Quartos de Navegação

Se atracarem num porto para descansar e á noite quiserem ir para a borga, nunca se esqueçam que quando sairem para o mar pesa sobre cada um dos membros da tripulação a responsabilidade do Quarto de vigia.
Desta vez recebi uma recomendação de um colega de navegação, que passo a citar:
"Vais na mesma, tens é que entrar no barco antes do amanhecer, se derem pela tua entrada, dizes que foste apanhar ar porque estavas mal disposto, claro que com a ressaca não vais aguentar o Quarto, pelo que vais continuar mal disposto e recolhes ao beliche, a restante tripulação faz o quarto por ti, não te preocupes".
Esta não digo de quem é, mas que o tipo saí muitas vezes para apanhar ar e recolhe outras tantas á enfermaria, essa é que é essa!