segunda-feira, 4 de abril de 2011

Não te deixarei morrer David Crockett (IV)

Adivinhem quem voltou para o vosso convívio, claro que não foi D.Sebastião, foi mais uma narrativa de ficção, daqueles episódios que cuja semelhança com a realidade é mera coincidência, ou qualquer coisa que a ser verdade, mais valia não ser coincidência.


O episódio de hoje chama-se "O Francês" ou "O Cerimonial Marítimo)


Dia 19 de Março do ano de 2011, da graça de Deus nosso Senhor, numa vila á beira rio plantada, rio esse que poderemos chamar Tejo, teve a "felicidade" de ver aproximar-se da Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra, um veleiro de silhueta desconhecida, um Sloop de alumínio ostentando pavilhão de terras de França, vindo de Saint Malo, de seu nome Jean Frederic e o seu filho de 12 anos, aterram n'Alhandra, não se vislumbrando nenhum "dono" da marina, eu e o Rui Silva (o de Arruda), tomámos a iniciativa de ajudar nas manobras de atracagem e consequente cerimonial marítimo, como aliás é apanágio nestas situações.


Não sendo caso único, não é todos os dias que um navegador estrangeiro se atreve a passar as portas da Capital e sobe as águas do Tejo, já travei conhecimento com um casal anglo-nipónico que estando a dar a volta ao mundo, subiu até Valada, acabando por lá passar o verão, há dois anos também vi chegar a Valada um "Ketch" Britânico, e não nos podemos esquecer do casal francês que veio parar á marina de Vila Franca como seu "Ovni" de 7 metros e lá foi ficando.

O francês também cá foi ficando e contando as histórias dos tempos que passava no mar, sempre que regressava de viagem, lá o ia visitar ao barco, e com um "ça va bien" e outras coisas do género lá nos íamos entendendo, ao sábado á tarde a frase era "allez á lá ginja", o Jean lá se calçava á pressa, e saltava para dentro do "Blue Dolphins" e seguíamos viagem até á Ginginha.


Este fim sábado soube que o Jean se tinha ido embora, fazendo intenções de rumar á Madeira, Açores e finalmente Saint Malo, soube também, que não sendo a iniciativa de dois sócios, este ter-se-ia ido embora sem uma lembrança da sua paragem n'Alhandra. Não tendo o clube galhardetes para oferecer (shame on you), e não havendo responsável do clube presente, estes dois sócios compraram uma bandeira do clube e ofereceram ao Jean, isto em nome do clube, deixando em aberto que eventualmente o clube assumisse a oferta. Não só o clube não assumiu, como a resposta foi "tá pago e o clube precisa de dinheiro", uma resposta destas é de homem.


No entanto e pela simpatia que o Jean granjeou, houve um grupo de sócios que se quis juntar aos dois em questão, e o custo da bandeira (25,00 €, leia-se vinte e cinco euros), foi assumido pelos sócios abaixo mencionados:


Américo C. Lopes, Américo Caetano, Bruno Prazeres, Daniel Cavaleiro, Egidio Candeias, Francisco Amaral, Frederico Blanco de Sousa, João Rodrigues, João Ramos (cavalas), João Tibério, Joaquim Cabral, Jeremy Cavaleiro, Luis Silva (Tójó)Marco Santos, Miguel Gomes, Paulo Garrafão, Paulo Madaíl, Pedro Cabral, Valada de Sousa, Rui Miguel (Mega)Valentim Albuquerque, Vasco Gonçalves.


Agora, qualquer semelhança com a ficção, é mera realidade, senão vejamos: Há uns anos, vindo dos lados da Galiza, aportei em Aveiro, essa bela cidade pela qual me apaixonei, vindo enquadrado numa frota da Associação Aveirense de Vela de Cruzeiro, que entretanto me adoptou, travei conhecimento com o presidente daquela associação, na altura, Paulo Reis, que fazia questão de me dar um "recuerdo" da minha (na altura efemera) passagem pelo clube, vendo que não havia galhardetes do clube ou bandeiras disponiveis, arrancou da parede do clube a unica que havia e fazia parte da decoração, mas não me deixou sair de lá, sem o respectivo simbolismo e cerimonial a que os homens do mar estão habituados, e faz de nós pessoas diferentes.


in "Memórias de um tripulante"