quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Á vontade não é "á vontadinha"

N'Alhandra decorria o ano da graça de Deus de 2007 DC, mês de Agosto, o interviniente desta história é o "Robalinho", que nesta altura passava por uma fase da vida, digamos que "familiarmente chata", perante esta situação e uma vez que o mesmo fazia parte da tripulação, o armador do "Old Navy" disponibiliza a embarcação para o dito cuja ir lá dormir de vez em quando.
Claro que a cavalo dado não se olha o dente, e para um cagaréu habituado a traineiras e bateiras, esta situação era ouro sobre azul.

O Robalinho depressa se habituou a esta qualidade de vida, (era o meu vizinho da frente), e quem o queria ver, era depois de uns copos no bar, atravessava para a marina e muitas vezes até dormia no quintal, de manhã antes do pequeno almoço acordava e dava uns mergulhos no rio, com água a 29º, seguido de um duche de mangueira, deste modo o seu "modus viventus" inverteu-se, em vez de dormir no barco do outro de vez em quando, de vez em quando dormia em casa (qual seu vizinho de tráz).
"Qualidade de vida", dizia o moço.

Tirando uma vez em que este foi acordado no poço ás 09 h da matina de sábado, pela brigada fiscal da GNR a pedir o imposto de selo, tendo este que acordar o armador (e não se acorda ninguém a um sábado de manhã, pior só a um domingo), de resto a vida seguia o seu rumo, na Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra.
Até que um dia, o Robalinho, demorou-se mais um pouco, descuidou-se, diz, e já era depois d'almoço vem o feliz armador, proprietário de esbelta embarcação, de seu nome "Old Navy", com a sua famelga toda atráz, com o intuito de fazer um passeio vespertino, pôr do sol a navegar, etc.

Deparasse-lhe o cenário de ter a sua embarcação ocupada por um feliz casalinho, seja, o Robalinho tinha convidado a namorada para passar a noite a bordo e descuidou-se com as horas, nem se apercebeu que o Sol já ia alto, o Sol e os gritos do Calhau (armador), com a família toda assistir ao despejo do inquilino, tendo o transbordo dos pertences sido efectuado de kayak tipo "sit on top", directamente para a margem, não havendo direito sequer a atravessar os trapiches.

Claro que ainda hoje o "Robalinho" afirma que "posso ter abusado um bocadinho, mas ele meteu-me á vontade, eu até fazia parte da tripulação".
Claro que sim, entre dormir uma noite ou outra no barco, e morar a bordo, a diferença quase não se nota, e á vontade não é á vontadinha.

Sem comentários: